domingo, 28 de setembro de 2014

A Meia Maratona de Colônia

Dia 14 de Setembro deste ano...tínhamos 2 provas na cabeça para fazer nessa data: Primeiro surgiu a ideia de fazer a Meia de Budapeste...começamos a checar os voos e hotéis e estava saindo bem caro...então decidimos fazer a Meia Maratona de Colônia.

A cidade de Colônia é super bonita, também fica na Beira do Rio Reno e tem um Catedral fantástica, uma das maiores Igrejas Góticas do mundo, além disso é uma cidade bem jovem e animada e fica muito perto da cidade onde morávamos..150 Km aproximadamente.  

Além de nós (eu e o Renan), as amigas Ana @anakrueger , Liana @projetolilika, Patrícia @pbzeg também tinham se inscrito! E um amigo português nosso (Fernando) decidiu estrear nos 21km também nessa prova.
Só por aí já dava pra imaginar que seria um fim de semana super animado e divertido. Cerca de 40 dias antes da prova acabamos definindo nossa volta ao Brasil e então aquele dia se tornou ainda mais especial, seria nossa prova de despedida depois desse período todo correndo na Europa e morando na Alemanha.
No dia 13 de Setembro saímos de Mainz pela manhã com destino a Colônia e fomos direto para a Expo. Como naquele dia aconteceriam além da Meia a Maratona da Cidade a Expo era consideravelmente grande. Mas nada muito diferente do que estamos acostumados a ver nas Feiras de Maratonas da Alemanha : Stands da Runners Point ( Uma loja de corrida famosa por lá), algumas marcas de tênis e roupas esportivas, Cerveja sem Álcool , etc...



Pegamos nosso kit, encontramos os amigos, tiramos fotos e fomos almoçar e turistar pela cidade!



Depois descansamos um pouco no hotel, e fomos até o centro da cidade e para estocarmos carboidrato em um Jantar delicioso. Fomos a uma das praças principais de Colônia, super movimentada e badalada ( se não fôssemos correr no dia seguinte, seria o lugar ideal para ficar um tempão...estava bem animado) e lá encontramos um Restaurante Italiano que se chama La Tagliatella...vale super a pena, fica a dica para quem for pra lá e quiser comer uma Massa Deliciosa: http://tagliatella.de/restaurants/latagliatella-koln-heumarkt/

Voltamos ao Hotel e preparamos tudo para o dia seguinte...

No domingo acordamos as 6h, tomamos nosso café da manhã e fomos pegar o ônibus em direção a largada...nos perdemos um pouco no caminho...o que nos deixou um pouco tensos...tivemos que chegar, guardar os kits no Guarda Volumes (que era um caminhão...porque a Largada foi em um lugar diferente da chegada) e partir para a largada. Largada que estava dividida em blocos de acordo com o pace dos corredores, mas não estava sendo muito controlada.

E então..lá estava eu...posicionada mais uma vez na largada de uma Meia Maratona, a minha última na Europa esse ano... ainda sem ideia do  que conseguiria fazer...já que a minha última Meia em Stuttgart foi muito sofrida, não consegui encaixar o pace...tive que parar pra ir no Banheiro...um desastre.. Mas eu estava lá...tentando não ficar nervosa e nem preocupada com o tempo.

Largamos!!!  A largada foi um pouco tensa...muita gente em um trecho bastante estreito, por um momento todo mundo literalmente brecou! Nunca tinha visto isso em uma prova...e isso só aliviou depois do primeiro quilômetro...mas apesar do percurso estreito, o primeiro KM foi muito bonito, passamos em uma ponte por cima do Rio Reno com vista para a Catedral. E depois daí.. que delícia de prova! A temperatura estava perfeita pra correr, o dia bonito, muita gente na Rua, pessoas nas janelas das casas com rádios ligados...o percurso lindo, todo feito dentro da cidade...e eu a cada Km que o Garmin virava me surpreendia positivamente!!!

Eu estava virando os Kms todos em um pace abaixo do que eu imaginava que fosse estar, até porque o que tinha na minha cabeça a minha última meia...mas realmente as condições eram outras...clima, lugar, prova, minha cabeça...tudo...e isso foi só me dando força pra seguir Km a Km feliz e bem.

7km...10km...14km...e quando percebi já estávamos no 17...passou muito rápido, o percurso era realmente muito agradável...haviam vários pontos de hidratação também...o único ponto fraco é que a água era entregue em copos e não garrafinhas.

Quando passamos pelo Km 18 eu comecei realmente a me sentir cansada...até ali eu estava com muita energia e feliz, sentindo o Garmin virar com um pace melhor do que o esperado...mas dali pra frente o esforço foi muito maior...foram 3 km que pareciam uma eternidade ...contando metro a metro..mas fui...O último Km apesar de duro foi lindo...muita gente torcendo, gritando e a chegada foi ao lado da Catedral Maravilhosa da cidade...cheguei...fazendo muuuuito esforço pro Sprint final...e cheguei feliz....não bati meu recorde pessoal...mas me saí melhor do que nas ultimas 2 meias maratonas que tinha feito...e senti que estou voltando a forma que estava quando fiz meu último melhor tempo...



Além disso senti uma  energia deliciosa no final, uma sensação de missão cumprida estando esse tempo na Alemanha e na Europa, fechando com chave de ouro um ciclo lindo da minha vida de atleta amadora...um ano onde corri por vários lugares lindos...fiz 5 Meias Maratonas e me tornei Maratonista...um ano onde me superei em todos os sentidos!


Na linha de chegada estava o Renan (@renanrosa) meu marido, que apesar de ter lesionado o tornozelo conseguiu bater seu recorde pessoal e encontramos todos os amigos queridos que estavam por lá e que bateram seus recordes e estavam felizes!!!





Sobre a prova em si, indico a todos! Super plana e organizada, percurso bonito e animado, os únicos pontos fracos são os Copos na hidratação e alguns trechos muito estreitos no início.

Foi um fim de semana incrível fechamos esse período com chave de ouro e agora estamos prontos para correr pelo Brasil e se possível, em breve, voltar a correr pelas pistas da Europa!


Correndo na Europa
#correndonaeuropa
#viajarparacorrer
@viajarparacorrer

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A Meia Maratona de Helsinki na Finlandia - Por Sandra Kautto


O post de hoje é de mais uma amiga Brasileira que mora na Europa! A Sandra @sandra_kautto mora na Finlândia e no dia 04 de Maio ela correu sua primeira Meia Maratona em Helsinki ( a capital da Finlândia)!
Vale a pena conferir! :)
"A 1/2 maratona aconteceria no dia 10 de maio (sábado) em Helsinque. Na sexta-feira eu arrumei minha bolsa baseada na previsão do clima e tentei ir dormir no horário de sempre. Demorei a conseguir pegar no sono e como sempre, o filhote absorveu minha ansiedade e as 5h da manhã já estávamos de pé.
Levantei devagar, fiz 30 minutos de ioga  e fui preparar meu café da manhã: tapioca, banana e café preto.  Marido e filhote foram me levar na estação de trem e dali pra frente era por minha conta. Queria aproveitar a viagem do trem para descansar um pouco e tentar relaxar.
Chegando em Helsinque fui super bem recebida por uma amiga brasileira cheia de luz, a Sarah. Fomos direto retirar o meu kit que consistia no chip, camisa e uma bolsa (sacola). A retirada do kit foi super rápida, tudo muito organizado. No local da retirada haviam muitas empresas e lojas de artigos esportivos, e obviamente muitos brindes como gel para massagem, cereal, etc.

 
Depois disso fomos almoçar, comi uma pasta com molho de tomate para dar aquela turbinada na reserva de energia. Depois voltei para o estádio e já senti aquela energia boa do pessoal animado, crianças de bicicleta, um grupo da terceira idade pronto pra correr...uma coisa linda de se ver. 
 
Fui para o vestiário e comecei a minha concentração pessoal, relembrando cada treino, cada desejo de vitória vindo dos amigos do Brasil, pensando nos meus pais (já havíamos trocado algumas mensagens pelo WhatsApp), pensando na linha de chegada. Quando estava me arrumando percebi que não tinha onde colocar o gel de carboidratos que eu deveria tomar nos 8km (exatamente como havia feito no último treino longo) daí decidi colocar dentro do top (péssima ideia). Respirei fundo, coloquei o chip e o número no peito e fui na direção da minha conquista! 
O evento contou com 12.119 inscritos, tudo foi muito bem organizado e sinalizado, um staff sempre disponível para tirar qualquer dúvida. Próximo ao local de largada havia um lugar para deixar a sacola com os pertences.  
Os postos de abastecimento (total de 4)  e banheiros muito bem posicionados e sempre de ambos os lados da pista, além de ter rolado uma banana no último pit stop, que por sinal foi como ver água no deserto :) 
Ainda faltava 1h para a largada do meu grupo (penúltimo), o sol havia aparecido temporariamente e eu decidi ficar um tempinho por ali sentada vendo o povo e recebendo as últimas boas energias por mensagens. Depois entreguei tudo para a organização do evento e fui em direção a largada. Eu estava muito consciente de que tipo de corrida eu queria correr, qual era o meu objetivo e que eu estava ali sobretudo para ser feliz. Ao contrário da corrida de 10k essa eu não tinha intenção nenhuma de ser rápida, eu só queria cruzar a linha de chegada nem que fosse no tempo limite (3h). 
Meu grupo era o penúltimo com a previsão de fazer a prova em 2h30m, havia chegado a hora e lá fui eu correr o meu desafio pessoal. Durante todo o percurso haviam pessoas desejando sorte, jovens fazendo brincadeiras oferecendo cerveja, crianças estendendo a mão e como sempre, velhinhos sentados e batendo palmas, uma energia muito boa. Nos primeiros 5km vi muita gente correndo no limite e alguns já parando na primeira ladeira, e eu lá no meu ritmo, confortável. 
 
 
Eu não conhecia o percurso, não tinha relógio e nem nenhum outro aparelho que eu pudesse monitorar o tempo, mas eu conhecia muito bem meu corpo e sabia exatamente qual o ritmo que eu deveria correr. Aproximadamente 10k do percurso foi feito dentro de um bosque/parque, e foi aí que eu entrei em modo automático, porque eu perdi a noção de direção, para que lado estávamos correndo, quanto tempo estávamos correndo, para todos os lados que eu olhava eu só via árvores, e por mais que seja delicioso correr em meio a natureza, em uma competição é bem legal ver pessoas também! Enfim, durante alguns quilômetros tive a impressão de estar correndo em círculos, parecia que estava sempre passando pelo mesmo lugar uma e outra vez. Foi quando ouvi alguém falando que já tínhamos 44 minutos de corrida. E no meio desse vai e vem dentro do bosque um participante estava no chão, sem cor, desmaiado e sendo socorrido, deu um mal estar e um medo, tentei desviar meu pensamento da cena e continuar correndo, afinal ele já estava tendo atendimento apropriado. 

E foi nos 8km que eu percebi que um senhor (de uns 40 anos talvez) estava a algum tempo correndo no mesmo ritmo que eu, e como ele era alto dava muito bem para vê-lo, mesmo com uma certa distância. Nesse  momento adotei a estratégia de tê-lo como referência de velocidade, era só não perdê-lo de vista.  Quando passamos pelos 10km eu pensei: Beleza! Agora só faltam mais 11km! Não me sentia cansada, o pé nem sinal de que daria problema e tudo indo muito bem. Mas foi nos 13k que o pé direito deu sinal de que daria problema, diminui um pouco o passo (sem perder de vista o senhor alto, claro!) e tentei jogar o peso mais para o lado esquerdo. Nos 15k eu achei que iria quebrar,o pé começou a doer pra valer, sentia como se meu pé fosse uma grande pedra de gelo e a cada pisada alguém com um martelo tentasse quebra-lo ao meio, mas agora só faltavam 6k e eu não ia desistir mesmo, nem que fosse andando eu iria cruzar a linha de chegada. Só sei que depois de um tempo o corpo todo recebeu uma anestesia geral, eu já não sentia os pés, as pernas, o quadril...eu estava correndo totalmente no automático. É nesse momento em que você se questiona do porque estar correndo, do porque continuar.  Eu só pensava nos treinos difíceis que eu havia feito, pensava nos meus pais dizendo que eu conseguiria, pensava no meu filho, pensava na linha de chegada. Foi quando eu vi a placa de 19k, daí eu sabia que estava perto, as pessoas ao lado da pista diziam: vai, vai, só tem mais essa ladeira (sempre tem uma última ladeira no último quilometro, né não?), você já ganhou, continua! E mentalmente eu visualizei 2km de um percurso que eu conhecia, que fazia parte do meu treino, acelerei o passo e comecei a chorar de emoção. Eu estava chegando, eu ia cruzar a linha de chegada, eu ia conseguir correr 21km.  
Quando eu ouvi o "bip bip" do chip marcando minha chegada e vi o portal na linha de chegada uma emoção invadiu meu corpo, eu estava absurdamente feliz! Eu repetia a mim mesmo: yes! chegou! Yes! Você conseguiu!
 
 
 
Meu tempo dos 10k foi o pior de todos os tempos, mas isso importa? :-) Meu tempo total foi igual a da maratonista do ano passado, ou seja, eu corro 1/2 maratona no tempo que ela correu uma maratona inteira, mas isso importa?! 
Claro que não importa! Porque meu objetivo não é ser atleta. Meu objetivo é viver bem, é ter qualidade de vida, é vencer a mim mesmo, é ultrapassar meu próprios limites, é incentivar pessoas normais a buscarem qualidade de vida. 
Quando a corrida terminou eu pensei que nunca mais fosse querer repetir a experiência, afinal já sabia como era, né?! Eu só queria tirar o tênis, um banho quente e sauna. Ah! E foi aí que eu descobri que o gel que eu coloquei no top (lembram?) fez uma queimadura linda entre meus seios :/ Foi a minha medalha gravada no corpo :) 
Mas voltando ao assunto de correr novamente, depois de uma noite bem dormida e as energias recuperadas, obviamente que a ideia de uma nova competição voltou, né?! 
Quero terminar esse post imenso demonstrando minha mais alta admiração aos maratonistas, se antes eu já admirava, agora eu admiro ainda mais ! Porque tá ai um desafio que minha mente e meu corpo ainda não conseguem sonhar, correr uma maratona. Mas sei que esse dia vai chegar, o momento em que mente e corpo irão pedir por um desafio maior, mas eu não tenho a menor pressa, e enquanto esse dia não chega, eu vou correndo um quilômetro de cada vez."
 
Sandra Kautto
@sandra_kautto
 
Correndo na Europa
@correndonaeuropa
#correndonaeuropa
 
 
 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Meia Maratona de Budapeste - por Rafaella Goldenbaum

O Post de hoje é bem especial: mais uma amiga querida que o Instagram e a corrida trouxeram...a Rafaella (@pitanga_pitanguinha) mora aqui na Alemanha também e correu sua primeira Meia Maratona no Domingo em Budapeste!
Acompanhei sempre no instagram a rotina de treinos dela e foi muito bacana ver sua evolução!
Vale a pena ler o texto emocionante sobre a corrida da Rafa nessa cidade linda e especial.
Rafa, parabéns e obrigada pelo relato!


"Se tivessem me perguntado há um ano se eu gostaria de um dia correr uma meia-maratona, eu teria rido. Para mim, isso era algo muito distante e parecia até loucura. Mas conforme eu fui evoluindo na corrida, aos poucos aumentando as distâncias dos meus treinos, essa loucura começou a parecer algo mais e mais próximo. Me lembro bem quando fiz meus primeiros 10km! Fiquei tão feliz! E a partir dali senti que não era impossível, e comecei a sonhar com os 21km.

De uma coisa eu tinha certeza: eu queria que a minha primeira meia-maratona fosse especial, com um percurso mágico, em uma cidade que tivesse um significado especial para mim. Isso seria uma motivação a mais para concluir a minha primeira prova de 21km. Logo veio Budapeste à minha cabeça, cidade pela qual me apaixonei há quatro anos, com seus prédios majestosos e suas varandinhas e janelas cheias de charme, dividida pelo belo Danúbio, com suas pontes cheias de detalhes, ligando Buda a Pest (antigamente Buda e Pest eram duas cidades independentes), com o palácio de Buda imponente sobre a cidade, com o belíssimo parlamento em Pest, à beira do Danúbio. Foi assim que decidi: minha primeira meia-maratona tinha que ser em Budapeste! Fiz a inscrição sem saber se em setembro estaria preparada para correr 21km. Naquele momento eu pensei: se não der em setembro, faço a próxima, que será na primavera européia. Mas pelo menos eu tinha um objetivo para os meus treinos. O que me assustou a princípio foi o tempo limite da prova, que seria de 2 horas e meia, com um ônibus que seguiria os corredores, obrigando aqueles que estivessem muito devagar a embarcar, sendo assim desclassificados. Eu não queria ser pega pelo ônibus!
 

 

Depois de três meses e meio de treino específico para meia-maratona, chegou o grande dia: domingo, dia 14 de setembro. A ansiedade nos dias anteriores foi grande, mas muito positiva. Não via a hora de ouvir o tiro da largada e iniciar o percurso. Nos dias anteriores à prova choveu muito, às vezes a pancadas, às vezes só garoa, mas sem parar. A previsão do tempo dizia 90% de chance de chuva naquela manhã da prova, o que estava me inquietando um pouco. E se a chuva estivesse muito forte? Mas como um milagre, não caiu nenhuma gota. Nenhuma. O tempo permaneceu nublado e o ar muito úmido, mas a chuva não veio, e no final até apareceu um sol tímido.

Havia 13.500 inscritos para a prova, sendo 1.700 corredores de fora da Hungria. Esta prova conta como o campeonato húngaro da modalidade, então muitos atletas profissionais do país estavam presentes. A largada aconteceu em quatro grupos, divididos de acordo com o pace dos participantes. Eu me coloquei no último grupo e portanto tive que segurar a ansiedade por mais uns bons 15 minutos até poder dar largada. Mas logo chegou a nossa hora, e nossos pés começaram a dar suas passadas apressadas alameda abaixo rumo à famosa Praça dos Heróis, e em seguida à rua Andrassy út com os belos prédios das embaixadas, passando pela Casa do Terror, pela Ópera, e ao final, pelas boutiques de marcas famosas. Os primeiros 5 km passaram muito rápido. Logo estávamos atravessando a primeira ponte do percurso, a Ponte da Liberdade, indo de Pest para Buda, com vista para o tradicional hotel Gellert. Continuamos à beira do Danúbio até chegar aos pés do palácio de Buda, onde pegamos a ponte mais famosa da cidade, a Ponte das Correntes, voltando a Pest. Em algum ponto antes dali, senti meu primeiro cansaço e notei que cometi o típico erro de iniciante: comecei mais rápido do que deveria e gastei muita energia na primeira metade da prova. Mas logo passamos pela marca de 11km e eu pensei comigo 'a metade já foi, mesmo diminuindo a velocidade agora, o ônibus não me pega'.




Tinha muita gente pelas ruas dando força aos corredores, em muitos pontos havia músicos alegrando o percurso, desde de um dueto de violino e cello se não me engano, até banda de blues e batucada. O clima da prova foi ótimo, muito alto-astral! Havia também os participantes de revezamento, que podiam formar duplas ou trios. Os pontos de revezamento estavam sempre muito bem sinalizados. Os pontos de refrescamento foram sempre muito bem organizados, oferecendo água, bebidas isotônicas, banana, e nos últimos quilômetros também coca-cola.

Passamos pelo parlamento, correndo à beira do Danúbio, sempre com muita gente assistindo e vibrando. Em algum ponto depois disso, quando já havíamos passado a marca de 14km, o cansaço tomou conta. Minha cabeça dizia 'eu não agüento mais, quando isso vai acabar?'. Mas eu sabia que já tinha feito mais da metade, então aumentei o volume do iPod, que naquele momento estava tocando „Survival“, o tema que o Muse fez para as Olimpíadas, que combinou muito bem com a situação, e segui em frente, concentrando minhas forças na linha de chegada. A partir dali quase não consegui mais curtir o trajeto, só me concentrei na corrida. Depois da marca de 16km senti minhas pernas pesadas, me bateu um enjôo constante e minha canela doía. Nunca tinha sentido essa dor. Mas consegui ignorar esses sinais e me concentrar no meu objetivo. Já perto do km 18 nos esperava uma subida que, para mim, naquele momento, pareceu monstruosa. Uma subida de um viaduto ao lado da bela estação de trem do oeste, que foi planejada por Gustav Eiffel, o mesmo da torre símbolo de Paris. Eu pensei 'bora diminuir a velocidade e encarar a subida, tudo que sobe, desce! Depois recupero o tempo perdido'. Mas mesmo diminuindo a velocidade na subida, ao chegar no plano o enjôo e ânsia de vômito se tornaram insuportáveis e eu tive que parar, respirar fundo, agachar e esperar passar a sensação desagradável. Tentei correr de novo, mas minhas pernas pareciam sacolas cheias de tijolos. Passei então a caminhar com o intuito de voltar a correr aos poucos. Mas logo um rapaz bateu no meu ombro e disse algo de incentivo, e bastou isso para eu voltar a correr. Fui lado a lado com o meu incentivador, e mais afrente foi ele quem parou e começou a caminhar, mas eu disse 'não, você não vai parar agora!'. Continuamos correndo. Faltava menos de 2km! Ao mesmo tempo que esses últimos 2km foram uma luta, eles também passaram muito rápido. Passamos pela praça dos heróis de novo, mas nem pude admirá-la. Entramos na alameda que guiava até linha de chegada. Estamos chegando! Eu gritei. O meu companheiro quis parar novamente e eu disse 'não, estamos quase chegando, só mais 500m!'. Ao nos aproximarmos da marca de 21km, eu disse 'eu não tenho energia para o sprint final', mas ele disse 'tem sim'. E demos uma acelerada nos passos, e passamos pela linha de chegada com muita emoção.

Passando da linha de chegada, toda dificuldade desapareceu. A dor nas pernas estava ali, a sensação desagradável de enjôo também, mas foi como se tivessem sido anestesiadas pela felicidade imensa que me invadiu ao ter passado pela linha de chegada e completado a prova. A minha primeira meia-maratona! As medalhas estavam sendo distribuídas logo depois da linha de chegada, para coroar o feito. Que emoção!





Ao redor, muitos rostos suados e felizes curtiam a mesma sensação de felicidade e missão cumprida que eu. O narrador falava coisas em húngaro. Alguns riam e admiravam suas medalhas, outros alongavam as pernas cansadas, outros davam uma força para quem ainda estava chegando. Peguei minha sacola com água, doces e frutas, para repor as energias, e fiquei observando os que ainda chegavam. Quando parecia que já não viria mais ninguém, e os organizadores começaram a interditar a linha de chegada, um senhor de 82 anos veio se aproximando, com passos largos e muita força de vontade e determinação, recebido com muitas palmas, gritos de incentivo e assobios. Lágrimas escorreram dos meus olhos. E essa imagem só me comprovou mais uma vez que a corrida é o esporte mais lindo que existe. Já não posso esperar pela minha próxima meia! E com certeza repetirei a meia-maratona de Budapest, e super recomendo esta prova para quem quer unir o amor à corrida ao amor por viajar! "
 
 
 
Rafaella
@pitanga_pitanguinha
 
Correndo na Europa
@correndonaeuropa
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