domingo, 2 de novembro de 2014

A Maratona de Berlin! Por Camila @camiscvieira e Bárbara @unidaspeloesporte

O Post de hoje é muito especial! Duas amigas queridas que recentemente se tornaram Maratonistas contam como foi da preparação até a linha de chegada da Maratona de Berlim!

Vale a pena ler!
 
Nós vivemos juntas grande parte dessa jornada. Tudo graças a uma hashtag: #berlinmarathon. Camila iria sozinha e, depois de uma crise de hipertensão por ansiedade, foi buscar companheiros para compartilhar as emoções que antecedem a maratona. Eu, Bárbara, ia acompanhada do pai, irmão e amiga corredora, mas minha parceira de corrida se lesionou e não pode se dedicar aos treinos e meu irmão também desistiu da viagem. No dia que a Camila me chamou para o grupo do WhatsApp, vi ai uma grande oportunidade de dividir e ganhar experiência com outros corredores. Iniciantes e veteranos, começamos em 10 e embarcamos mais de 30 rumo a Berlim. Somos os CBBM’s (Crazy Brazilians in the Berlin Marathon). Ao longo de 4 meses compartilhamos nossos treinos, lesões, medos, experiências, dicas e sugestões. Foi tão mais leve e divertido “conviver” diariamente com outros corredores que focavam no mesmo objetivo, que foi ficando cada dia mais emocionante a nossa jornada.   

Correr uma maratona não é fácil, agora já podemos afirma-lo, mas mais difícil é a jornada. O mais duro a gente faz antes. Semanas e semanas de treinos, madrugadas para fugir do calor, renúncias, e muito foco e dedicação. Ter esse grupo fez toda a diferença, tanto na prova como na viagem. Nos tornamos um grande grupo, uma família de corredores.

Nós duas decidimos fazer a maratona já depois do sorteio e não nos restou outra  opção a não ser ir com agência; Camila com a Rent a Tour (recomenda, mas é algo bem básico. Sem suporte algum na maratona e familiares.) e eu com a LCtour (super recomendo para quem vai acompanhado porque eles dão um belo suporte para os familiares durante a prova).

Por que Berlim? Simplesmente porque a Maratona de Berlim é uma das maiores e mais conceituadas majors (World Majors Marathon), conhecida pelo seu percurso plano e temperatura agradável, escolhidas pelos iniciantes e para aqueles que querem melhorar tempo, principalmente para conseguir índice para maratona de Boston. Além disso, nenhuma das duas conhecia a Alemanha e aproveitamos para tirar férias pós-maratona.

No ato da inscrição podemos optar por vários opcionais: camisa da prova (é, não vem incluída no Kit), camisa finisher, nome e tempo gravados na medalha, vídeo, massagem. E em um momento histórico como esse, vale a pena comprar tudo que der. As camisas e o nome da medalha, podemos garantir que quem não compra se arrepende. Mas não se preocupem, se não compraram no ato da inscrição, podem ser adquiridos na feira e a gravação do nome também pode ser pago na hora (por 10 euros).

Eu, Camila, recomendo chegar uma semana antes da prova. Já a Barbara se programou para chegar na 5af e acabou chegando na 6af por problemas de companhia aérea. Fora o estresse de chegar em cima da hora, pode deixar de viver muitas coisas e acompanhar os preparativos da cidade para o grande dia. Sem contar que já estamos mais adaptados com o clima e fuso horário. Ver nascer as famosas linhas azuis que marcam o percurso dos 42,195km, é bem emocionante. Pude ver tudo de pertinho e a Bárbara ia acompanhando tudo pelas fotos.

A festa começa já no dia de ir a feira e fazer a retirada do Kit. Para quem nunca correu uma prova grande se impressiona com o tamanho do evento. A feira acontece em um aeroporto desativado (Platz der Luftbrucke) e a emoção já toma conta quando a gente desce da estação de metro e olha a organização, vê as pessoas na rua orientando os que estão chegando perdidos e os vários atletas com as sacolas do Kit. Muitos já saem de lá vestidos com seus casacos e camisetas.

Na feira tem estandes de praticamente todas as marcas e ate mesmo estandes promovendo outras corridas. Uma loucura como podemos Viajar o mundo para correr!!! Os preços que não são muito atrativos, tanto dos produtos da maratona como das outras marcas.

Eu que cheguei antes, pude ir na feira no primeiro dia e tive a oportunidade de ver tudo com mais calma, já que estava mais vazia. Mas a Bárbara que foi na 6af, mais pro final do dia, achou um pouco cheia, mas mesmo assim, sem tumulto e bem organizada.

Sábado, para alguns é dia de dayoff, mas na cidade acontece o Breakfast Run, que sai do palácio de Charlottenburg e vai até o Estádio Olímpico (dois pontos turísticos de Berlim), onde servem um café da manhã (água, barra de cereal, donuts). Momento bem legal para entrar ainda mais no clima da maratona. Na parte da tarde o ideal é descanso e perna pra cima. Mas quem consegue? Nós fomos para o Portão e vimos a chegada da Kids Run (uma gracinha ver os pequeninos correndo) e da Maratona de Patins (a coisa mais linda, parece um balé!).

Enquanto acontecia a maratona de patins, Barbara me pergunta: e aí amiga, em qual momento vc acha que vai chorar? Eu respondo: ih amiga, acho que não vou chorar não. Sou tão durona... rs Cliquem no link final e vejam o que acontece rs.

Confessamos que já nessa hora (umas 17hs) já estávamos com a ansiedade a mil. Era uma olhar pra outra e o coração bater mais forte. Delicia poder dividir isso com os amigos. Por mais que muitas vezes o corredor não viaje sozinho, só outro atleta sabe o que a gente está passando. Só quem corre sabe...
 
 
 

Meses de treino e está chegando o grande dia. A gente treina e sabe para o que está preparado, mas por mais que a gente saiba, o novo sempre assusta. Mas sabe de uma coisa? Nervosinho gostoso esse. A verdade, pode parecer loucura, mas dá saudade depois. É tanta emoção, que passa tudo muito rápido. Por isso gente... é para curtir cada momento. Fotografem, filmem, registrem... E vivam o momento!!!

Eis que chega o grande dia, 28 de setembro. Domingo! Esperamos 9 meses por esse momento. Um dia, durante a jornada, eu, Bárbara, perguntei pra Camila: “amiga, o que será que a gente vai pensar na hora que estivermos nos preparando para ir pra lá?” E ela respondeu: “que estamos nos preparando para a grande festa, roupa de gala e tudo!” E é isso ai!

 A roupa de gala separada, todos os acessórios, suplementos, gel e capsulas...(levar tudo em dobro pq podemos perder pelo caminho). Café da manhã reforçado porque saímos bem cedo e fomos pro nosso destino final. Camila e eu não estávamos no mesmo hotel e não iriamos largar no mesmo curral (ela no F e eu no H), então decidimos nos encontrar já depois da prova, maratonistas! Cada uma foi com os corredores dos seus hotéis e foram se encontrando com outros no caminho.

A previsão de largada era 9hs, média de 6 graus esse horário. Chegamos lá por volta de 7:30. Esse horário é bem frio. Ideal é ir bem agasalhado com algo que possa se desfazer depois. É tradição na Europa e EUA recolher esses casacos para doação. Bom para trabalhar o desapego. É bem importante estar aquecido nessa hora porque perdemos muita energia tentando manter a temperatura do corpo e o que menos precisamos nessa hora é isso, verdade? Temos que economizar tudinho para consumir durante os 42,195km. Eles até distribuem os sacos plásticos antes quando deixamos as coisas no guarda volumes, mas pra mim não foi suficiente. Já a Camila foi bem preparada com térmica e casaco que ficou na largada esperando ser recolhido e deixou sua sacola no guarda volumes.

Falando em guarda-volumes, eles ficam beeem longe dependendo do seu numero de peito. Por isso é essencial chegar cedo, se localizar e já se posicionar no seu curral porque somos mais de 40 mil corredores e, por mais que a organização seja impecável, são longas distancias.

Eu e Camila não largamos juntas, mas tivemos a oportunidade de nos falar minutos antes (viva o chip pre-pago que adquirimos assim que chegamos). Nessa hora eu já estava sozinha e muito nervosa. Coração batia forte. É muito deslumbramento, porque é lindo de ver tanta gente junto, reunidos para um evento tão grandioso e uma conquista individual que só gera boas vibrações. Mas falar com ela me trouxe muita tranquilidade e foi o que faltava pra dizer que vivemos essa jornada juntas até o fim.

O que dizer da corrida?

Percurso é lindo, super plano, mas com muitas curvas, que acabam que te fazem correr mais que 42Km, pois não é tão simples seguir a linha azul. Animação total, muito público ao longo de todo o caminho. Bater na mão das criancinhas é algo que dá uma energia maravilhosa. Muitos cartazes de incentivo. Bandas tocando musica. Varandas decoradas e servindo de camarote. As pessoas gritando o seu nome. É uma vibe maravilhosa e contagiante.

O único ponto que deixa um pouco a desejar é que os postos de hidratação ficam apenas do lado direito, com isso pode haver tumulto na hora de pegar a bebida. Eles alternam entre postos apenas com agua e postos com todas as bebidas que oferecem: agua, isotônico e chá. O mais interessante é que eles colocam na primeira mesa os specials drinks, que são as bebidas que as famílias deixam para quem esta correndo, então são garrafas com frases, com bandeirinhas para identificarem rapidamente. A partir do km 5, praticamente a cada 3 ou 4 km havia um posto. Estudando o mapa antes fica bem fácil se programar com os géis e suplementação.

A chegada vem logo depois da curva a esquerda que já te leva under der linden sentido portão, porém se prepare porque a corrida não finaliza no portão. Passado o portão ainda tem uns 300mts até o tão sonhado pórtico.

Temperatura media nessa época é de 6 graus pela manhã e no término da corrida uns 11 graus. Esse ano tivemos a sorte de não estar ventando no dia da corrida. Mas Berlim é conhecida por  ventar muito.

Animação, hidratação... mas e correr os 42km?
 
42,195 mts que na verdade foram 43,200mts por @camilacvieira
 
Desde o ínicio encarei essa maratona como uma jornada abençoada e já havia idealizado que seria uma linda maratona.
 
Decidi fazer a maratona com 37 semanas de antecedência, ou seja, seria a gestação maratonista, iria nascer a maratonista que havia dentro de mim.
 
Inicialmente eu desejava conseguir o índice para Boston, algo muito arrojado. Porque para isso eu precisaria correr a 5:05 (algo difícil) por conta disso uma crise hipertensiva me pegou e para dividir e mudar o foco criei o grupo #CBBM2014, corredores que encontrei através das redes sociais e convidei para o grupo, iniciamos com 15 pessoas e chegamos em Berlim com 30. Dividir essa ansiedade ajudou e muito, além de ter feito ótimas amizades que eu tenho certeza que irá além da maratona.
 
 
Decidi tudo isso em janeiro precisamente dia 7 assim pude parcelar o valor da inscrição e esse segundo hotel qual fiquei do dia 26 ao dia 30 de setembro,  que foi o íbis style berlin city ost (na Alemanha oriental) não recomendo. 

Fechada a inscrição, ainda não havia caído a ficha, decidi que março seria o limite para eu fechar a passagem e decidir que dia eu iria chegar no local do sonho. Decidi chegar uma semana antes para me ambientar ao clima e conhecer Berlim, cheguei dia 22/09 e fiquei em Berlin até dia 30/09, foi a melhor decisão pois consegui ver a maratona nascer. Pintarem as famosas linhas azuis no chão por todo trajeto, dizem que seguir essa linha é seguir o menor caminho até os 42,195, montarem as arquibancadas e cartazes de proibido estacionar por conta da maratona. É de se emocionar.

Março fechei a passagem e já fui ao booking reservar o primeiro hotel que fiquei do dia 22/09 ao dia 26/09, escolhi através do trip advisor e qualificação booking o 4 youth am mauerpark, super aprovei o hotel em tudo, indico fácil. Não é de muito luxo, mas é adequado para quem quer dormir bem e tomar um bom banho no final do dia.
Além disso conversei com pessoas que já haviam ido a Berlim e reservei, com folga, o valor de 150,00 euros por dia para alimentação, lanches e petiscos. Valor com bastante folga, não gastei isso por dia, em media em uma refeição (restaurante vapiano) gasta de 11 a 12 euros.
 
A prova para mim foi sem sofrimento algum, nos km’s finais senti cansaço nos pés apenas. Mas eu estava tão feliz que toda felicidade apagou o cansaço. Segue o link do vídeo da prova com alguns vídeos que eu fiz.


 

 
Turismo em Berlim

Tive 7 dias para conhecer Berlim, então recomendo muito quem for com tempo fazer como fiz, caminhar pelas ruas da cidade que esbanja cultura a céu aberto.
Galeria a céu aberto em bernauer strasse, em potsdamer plastz: lugares onde há pedaços do muro de berlin.
Caminhar e observar as ruas, muitas possuem uma placa de metal: por aqui passou o muro de berlin e a data 1961-1989. A história de Berlin é muito recente e eles mostram isso pelas ruas com painéis.
 
Por indicação de uma amigo eu fiz assim que cheguei na segunda feira o city tour free que a new europeu oferece (www.neweurope.eu ou http://www.newberlintours.com), ponto de encontro deles é Starbucks da brandenburg tor, eu agendei, mas se chegar lá consegue fazer o tour tbm só olhar os horários de saída. Tour é feito em inglês.
A Barbara como ficou menos tempo optou pelo city tour (http://www.city-sightseeing.com )e o passeio de barco que pode ser encontrado nesses sites ( https://reederei-riedel.de/en/ , https://buchung.sternundkreis.de ou http://www.bwsg-berlin.de/en/ ).
 
Recomendo a todos que curtem correr, seja pra tempo ou para concluir a prova, a fazer uma maratona. Escolha aquela que mais admira e se prepare, se dedique. Faça desse momento seu e curta cada instante. Vale Muito a pena!
 
Km por Km por Bárbara (@unidaspeloesporte).
 
Quando a gente se prepara para uma corrida e ouvimos do nosso coach “você está preparada” a gente até acredita, mas é só la na hora que a gente tem certeza mesmo. Mas foi tudo lindo. Cada km foi pura alegria. A estratégia era: 5km de empolgação. Depois focar na 1ª meia maratona, e ir conquistando mais 10km e mais 10km.
 
 
 
Durante os treinos, eu tive que lutar contra uma tendinite do tendão de Aquiles que não me deixou fazer os longões mais importantes. O máximo que fiz foi um de 25 e um de 28km. Depois que passei dos 21km feliz na prova, conversei comigo mesma que íamos até o 30km bem. É muito importante a gente ir conversando com a gente durante o percurso e ir negociando com o corpo. Quem manda é a cabeça, então ela é quem tem que dar as ordens. Depois dos treinos, essa é a lição mais importante que ficou pra mim dessa experiência. Você não pode deixar o corpo vencer. Vai doer, mas a cabeça vai controlar a situação.

 Desde o dia que almejei ser maratonista, eu sonhava com o longão de 30km. Então pra mim, chegar até lá pela primeira vez já no grande dia foi uma emoção muito grande. Me dava muito medo o tal Muro. Mas graças a Deus eu bati nele. Lembro perfeitamente do momento que passei no tapete de controle do chip e pensei em todos os que nos seguiam pelos App da corrida. Outra coisa incrível que dava um gás era saber que naquele momento todos estariam te acompanhando e que a sua emoção daquela conquista seria compartilhada com amigos e com a família!

 Passados os 30k, negociei comigo, “E aí, seguimos assim até os 35km?”. E lá fomos nós (eu e eu), só curtindo. No 35km, mais uma dose de energia no tapete de controle (que era a cada 5km). Daí era ir rumo ao 40km, mas no 38km a perna começou a pesar. Cheguei a colocar a mão na coxa e ela estava dura. Mas eu disse... “já não falta nada! Já é logo ali”. Foi quando fiz uma curva e vi o totem do Km 40. Eu não sei explicar exatamente o que eu senti nessa hora. Não chorei, mas a garanta apertou e o coração bateu mais forte. Deu até arrepio. Estava acabando! Sensação estranha, porque a gente quer chegar, mas não quer que acabe. Muito louco!

Como nós havíamos ido ao local da chegada antes, nós já sabíamos a ultima curva que nos permitia ver o tão esperado e almejado Portão. Então fui seguindo pelos últimos kms já com muita ansiedade da reta final e passa tanta coisa na cabeça que você nem acredita. “Está acabando, deu tudo certo” (cheguei 15’ antes do esperado) e... E aí que esses são os dois km mais longos da vida. Nessa hora o publico é maior. Muita gritaria e muito batuque. O tempo parece que para, você corre, corre... Até que você faz a curva e ele está lá te esperando de arcos abertos. Nessa hora a respiração até falha mas você vai e continua. Na reta final antes de passar pelo portão tem uma faixa grande que diz: “Vocês já são todos vencedores!!!” Já podem imaginar a emoção... 

A gente atravessa o portão e ainda tem uns trezentos metros. Me lembro perfeitamente de eu encarando o totem que marcava os 42km. Foi um grito de muita garra e emoção. Cada um sabe o que passou pra chegar até ali e agora só faltavam 195m. Sabe o que é isso?!?! Mais de 1500km de treinos, 42km de prova e só faltavam, os tão famosos e sonhados, 195m. Hora do ultimo tiro e cruzar a linha de chegada. Eu confesso que eu jurava que começaria a chorar desde o portão e me surpreendeu que fosse diferente. E, para minha surpresa, quando vem o auge da emoção que é poder estar do outro lado da linha, uma falta de ar toma conta de mim. Cheguei a pensar: “Não é possível que eu vá passar mal agora”. Me concentrei e fui caminhando em direção as medalhas puxando o ar como dava e, na hora que a medalha veio parar no peito o choro saiu. Muita emoção! É muito amôôô!!! É uma mistura de alivio, com graças a Deus. Um alegria sem fim. Muito orgulho! E aí é só comemorar, ir direto pro ponto de encontro encontrar os amigos e familia. A primeira pessoa que eu abracei foi meu pai, mas o abraço mais forte, com o choro mais profundo, não podia ser diferente e foi com minha amiga maratonista Camila!  "

 


 
 


 

Camila Vieira @camiscvieira
 Bárbara Bezerra @unidaspeloesporte
 
Meninas, muito obrigada e Parabéns!!!!

Correndo na Europa
@viajarparacorrer
#viajarpararcorrer