sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A Meia Maratona de Helsinki na Finlandia - Por Sandra Kautto


O post de hoje é de mais uma amiga Brasileira que mora na Europa! A Sandra @sandra_kautto mora na Finlândia e no dia 04 de Maio ela correu sua primeira Meia Maratona em Helsinki ( a capital da Finlândia)!
Vale a pena conferir! :)
"A 1/2 maratona aconteceria no dia 10 de maio (sábado) em Helsinque. Na sexta-feira eu arrumei minha bolsa baseada na previsão do clima e tentei ir dormir no horário de sempre. Demorei a conseguir pegar no sono e como sempre, o filhote absorveu minha ansiedade e as 5h da manhã já estávamos de pé.
Levantei devagar, fiz 30 minutos de ioga  e fui preparar meu café da manhã: tapioca, banana e café preto.  Marido e filhote foram me levar na estação de trem e dali pra frente era por minha conta. Queria aproveitar a viagem do trem para descansar um pouco e tentar relaxar.
Chegando em Helsinque fui super bem recebida por uma amiga brasileira cheia de luz, a Sarah. Fomos direto retirar o meu kit que consistia no chip, camisa e uma bolsa (sacola). A retirada do kit foi super rápida, tudo muito organizado. No local da retirada haviam muitas empresas e lojas de artigos esportivos, e obviamente muitos brindes como gel para massagem, cereal, etc.

 
Depois disso fomos almoçar, comi uma pasta com molho de tomate para dar aquela turbinada na reserva de energia. Depois voltei para o estádio e já senti aquela energia boa do pessoal animado, crianças de bicicleta, um grupo da terceira idade pronto pra correr...uma coisa linda de se ver. 
 
Fui para o vestiário e comecei a minha concentração pessoal, relembrando cada treino, cada desejo de vitória vindo dos amigos do Brasil, pensando nos meus pais (já havíamos trocado algumas mensagens pelo WhatsApp), pensando na linha de chegada. Quando estava me arrumando percebi que não tinha onde colocar o gel de carboidratos que eu deveria tomar nos 8km (exatamente como havia feito no último treino longo) daí decidi colocar dentro do top (péssima ideia). Respirei fundo, coloquei o chip e o número no peito e fui na direção da minha conquista! 
O evento contou com 12.119 inscritos, tudo foi muito bem organizado e sinalizado, um staff sempre disponível para tirar qualquer dúvida. Próximo ao local de largada havia um lugar para deixar a sacola com os pertences.  
Os postos de abastecimento (total de 4)  e banheiros muito bem posicionados e sempre de ambos os lados da pista, além de ter rolado uma banana no último pit stop, que por sinal foi como ver água no deserto :) 
Ainda faltava 1h para a largada do meu grupo (penúltimo), o sol havia aparecido temporariamente e eu decidi ficar um tempinho por ali sentada vendo o povo e recebendo as últimas boas energias por mensagens. Depois entreguei tudo para a organização do evento e fui em direção a largada. Eu estava muito consciente de que tipo de corrida eu queria correr, qual era o meu objetivo e que eu estava ali sobretudo para ser feliz. Ao contrário da corrida de 10k essa eu não tinha intenção nenhuma de ser rápida, eu só queria cruzar a linha de chegada nem que fosse no tempo limite (3h). 
Meu grupo era o penúltimo com a previsão de fazer a prova em 2h30m, havia chegado a hora e lá fui eu correr o meu desafio pessoal. Durante todo o percurso haviam pessoas desejando sorte, jovens fazendo brincadeiras oferecendo cerveja, crianças estendendo a mão e como sempre, velhinhos sentados e batendo palmas, uma energia muito boa. Nos primeiros 5km vi muita gente correndo no limite e alguns já parando na primeira ladeira, e eu lá no meu ritmo, confortável. 
 
 
Eu não conhecia o percurso, não tinha relógio e nem nenhum outro aparelho que eu pudesse monitorar o tempo, mas eu conhecia muito bem meu corpo e sabia exatamente qual o ritmo que eu deveria correr. Aproximadamente 10k do percurso foi feito dentro de um bosque/parque, e foi aí que eu entrei em modo automático, porque eu perdi a noção de direção, para que lado estávamos correndo, quanto tempo estávamos correndo, para todos os lados que eu olhava eu só via árvores, e por mais que seja delicioso correr em meio a natureza, em uma competição é bem legal ver pessoas também! Enfim, durante alguns quilômetros tive a impressão de estar correndo em círculos, parecia que estava sempre passando pelo mesmo lugar uma e outra vez. Foi quando ouvi alguém falando que já tínhamos 44 minutos de corrida. E no meio desse vai e vem dentro do bosque um participante estava no chão, sem cor, desmaiado e sendo socorrido, deu um mal estar e um medo, tentei desviar meu pensamento da cena e continuar correndo, afinal ele já estava tendo atendimento apropriado. 

E foi nos 8km que eu percebi que um senhor (de uns 40 anos talvez) estava a algum tempo correndo no mesmo ritmo que eu, e como ele era alto dava muito bem para vê-lo, mesmo com uma certa distância. Nesse  momento adotei a estratégia de tê-lo como referência de velocidade, era só não perdê-lo de vista.  Quando passamos pelos 10km eu pensei: Beleza! Agora só faltam mais 11km! Não me sentia cansada, o pé nem sinal de que daria problema e tudo indo muito bem. Mas foi nos 13k que o pé direito deu sinal de que daria problema, diminui um pouco o passo (sem perder de vista o senhor alto, claro!) e tentei jogar o peso mais para o lado esquerdo. Nos 15k eu achei que iria quebrar,o pé começou a doer pra valer, sentia como se meu pé fosse uma grande pedra de gelo e a cada pisada alguém com um martelo tentasse quebra-lo ao meio, mas agora só faltavam 6k e eu não ia desistir mesmo, nem que fosse andando eu iria cruzar a linha de chegada. Só sei que depois de um tempo o corpo todo recebeu uma anestesia geral, eu já não sentia os pés, as pernas, o quadril...eu estava correndo totalmente no automático. É nesse momento em que você se questiona do porque estar correndo, do porque continuar.  Eu só pensava nos treinos difíceis que eu havia feito, pensava nos meus pais dizendo que eu conseguiria, pensava no meu filho, pensava na linha de chegada. Foi quando eu vi a placa de 19k, daí eu sabia que estava perto, as pessoas ao lado da pista diziam: vai, vai, só tem mais essa ladeira (sempre tem uma última ladeira no último quilometro, né não?), você já ganhou, continua! E mentalmente eu visualizei 2km de um percurso que eu conhecia, que fazia parte do meu treino, acelerei o passo e comecei a chorar de emoção. Eu estava chegando, eu ia cruzar a linha de chegada, eu ia conseguir correr 21km.  
Quando eu ouvi o "bip bip" do chip marcando minha chegada e vi o portal na linha de chegada uma emoção invadiu meu corpo, eu estava absurdamente feliz! Eu repetia a mim mesmo: yes! chegou! Yes! Você conseguiu!
 
 
 
Meu tempo dos 10k foi o pior de todos os tempos, mas isso importa? :-) Meu tempo total foi igual a da maratonista do ano passado, ou seja, eu corro 1/2 maratona no tempo que ela correu uma maratona inteira, mas isso importa?! 
Claro que não importa! Porque meu objetivo não é ser atleta. Meu objetivo é viver bem, é ter qualidade de vida, é vencer a mim mesmo, é ultrapassar meu próprios limites, é incentivar pessoas normais a buscarem qualidade de vida. 
Quando a corrida terminou eu pensei que nunca mais fosse querer repetir a experiência, afinal já sabia como era, né?! Eu só queria tirar o tênis, um banho quente e sauna. Ah! E foi aí que eu descobri que o gel que eu coloquei no top (lembram?) fez uma queimadura linda entre meus seios :/ Foi a minha medalha gravada no corpo :) 
Mas voltando ao assunto de correr novamente, depois de uma noite bem dormida e as energias recuperadas, obviamente que a ideia de uma nova competição voltou, né?! 
Quero terminar esse post imenso demonstrando minha mais alta admiração aos maratonistas, se antes eu já admirava, agora eu admiro ainda mais ! Porque tá ai um desafio que minha mente e meu corpo ainda não conseguem sonhar, correr uma maratona. Mas sei que esse dia vai chegar, o momento em que mente e corpo irão pedir por um desafio maior, mas eu não tenho a menor pressa, e enquanto esse dia não chega, eu vou correndo um quilômetro de cada vez."
 
Sandra Kautto
@sandra_kautto
 
Correndo na Europa
@correndonaeuropa
#correndonaeuropa
 
 
 

Um comentário:

  1. Sandra, volta a abrir o blog, porfa...
    E o livro?
    Em que anda?
    E o trabalho na creche?
    O pessoal reconheceu seu diploma?
    Volta e meia me pego pensando em vc!
    E eu continuo gorda e gulosa!
    Hahahahahaha!

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