domingo, 20 de abril de 2014

A Maratona de Rotterdam - Simone Westerduim estreando nos 42km

E hoje o post é sobre a Primeira Maratona da nossa colunista Simone Westerduin que tem asinhas nos pés!!! A mulher voa e tem uma resistência física absurda!! Si, parabéns pela Maratona você é uma guerreira!!!!

"Eu acho legal escrever sobre a última corrida assim no calor do momento. A prova da semana passada vai virar tatuagem com o meu tempo e data - minha primeira maratona aconteceu em um momento onde a minha vida passa por um turbilhão de emoções de todos os tipos. Pela primeira vez eu ouvi da família holandesa e da brasileira que talvez eu não devesse correr. Problemas a parte, eles não vem ao caso porque agora tá feito, vim, vi e venci a minha própria meta. É hora de contar como foi a Maratona de Roterdam.
Eu me dei a inscrição da Maratona de Roterdam de presente de Natal. Na época a idéia era que isso me motivasse a continuar treinando durante o inverno devido as crises do Fenômeno de Raynaud. O que não aconteceu. Esse inverno não consegui treinar fora da esteira e mesmo assim não era todo dia que eu tinha condições de ir até a academia  com os meus dedos dos pés e das mãos completamente roxos e uma dor insuportavél. De Novembro até a época que viajei ao Brasil em Março foram pouquíssimos treinos, curtos e a maioria na esteira. Como eu não tinha treinador, nunca segui planilha e sempre corri "na loucura" eu bolei por conta própria um treino de super intensidade para esteira. Com esse treino eu planejava pelo menos manter um condicionamento razoável durante o inverno e ir na cara e coragem pra maratona, sem ter feito sequer um longo maior que 18k por quase 4 meses.

Eu sou completamente caótica pra me organizar com agendas de provas, pesquisar alimentação pré maratona, se eu deveria fazer alguma preparação especial... Na semana passada a ficha caiu e eu dei um pulinho na loja da Runners World aqui do meu bairro e fui pedir dicas. Sai de lá com 5 envelopes de gel de carboidratos e o conselho era comer bastante pasta, arroz e pão 3 dias antes da prova, tomar um café reforçado e 30 min antes da prova algo doce pra dar um pico de energia. Levei o conselho ao pé da letra.  Estava jantando e almoçando pão até e sobremesa, não posso reclamar, amei fazer o tal do carb-loading. No noite anterior organizamos um macarronada aqui em casa com um outro amigo vegano que ia correr a prova. Na manhã da prova comi uma baguete gigante com hummus, 30min antes da largada eu parei pra tomar um cappuccino de soja com caramelo, bem doce e me dirigi pra largada.
Larguei!
Por incrível que pareça, toda a ansiedade desapareceu no momento da largada. Larguei em paz e logo achei o pace que me levou quase até  final. Quando eu vi que tinha gás, fechei os últimos 3km com 4.49k/p. Foi difícil segurar o pace durante a prova, parecia confortável demais e eu odeio zona de conforto. Eu gosto é de correr no limite, mas era minha primeira maratona e eu decidi ter um pouco de juízo e tentar pelo menos terminar em 4h. Uma vez ou outra eu dava uma olhada no relógio pra fazer um cálculo mental do meu tempo. O meu monitor cardíaco parou de funcionar logo na largada.

A rota é linda, a prova passa 2x pela ponte Erasmus, pela área portuária, as casas cúbicas, entra pelo subúrbio... É uma prova bem urbana, o tempo todo você corre na cidade, bem diferente das últimas que fiz pelas dunas, floresta, estradas de terra. Eu curto mais correr nas cidades, adoro ver o movimento. As provas no meio da natureza tem sua beleza, mas tem uma hora que enjoa ver 15km de areia de praia.



As pessoas com quem conversei (inclusive no meu trabalho) e artigos que li todos mencionavam a tal da "wall". Alguns aos 30k, outros aos 33, 37, 40k e eu pensei muito sobre isso durante a prova. Como até ontem eu só havia feito meias maratonas, a curiosidade era saber como era passar os 21k e continuar correndo por mais 21! Eu pensava na barreira mental porque as pernas eu sabia que davam conta. Eu entro em transe quando estou correndo, tanto que eu me lembro de ter visto a plaquinha do km 18 e  quando abri os olhos lá estava a placa do km 27. Eu pensei que poderia ter errado o caminho, que algo tinha acontecido, mas na real eu corri quase 10k sem notar e sem tomar os gel de carbs que havia trazido, ai tomei 2 de uma vez só!!! rss
Aos 30k eu estava inteira, aos 33 nem cheiro de "wall" e quando eu vi a marca dos 37 eu senti que era hora de dar um gás. Acelerei o passo e entre o 37 e o 40k tomei outros 2 gel de carboidrato. A recomendação era tomar 1 a cada 7km, mas não vi necessidade. Tomei quando senti que tinha que tomar. Bebi água 4x apenas. A temperatura era de 11graus e eu não suei tanto mas havia barraquinhas com espojas pra hidratar (do jeito que eu sinto frio eu passei longe delas). O único desconforto que senti durante a prova foi a vontade de querer ir ao banheiro desde o km 6, vira e mexe durante a prova a coisa ia piorando.
Quando eu cruzei a linha de chegada e olhei o monitor marcar 3:54:15 eu senti que ter contrariado todo mundo e não ter desistido da minha primeira maratona valeu a pena. Foi aquele sentimento de: é isso mesmo? Eu corri 42km?? O engraçado é que uns treinos que eu faço na esteira me detonam mais do que a própria maratona ..... Deu pra dar a sambadinha tradição, ir atrás de um banheiro urgente, sentar no bar pra tomar uma cerveja e pegar o metro pra casa. Alma lavada e dever cumprido. Eu sou maratonista!






Próximas provas: dia 15 de Maio tem a Meia Maratona de Hoorn, 01 de Junho a Meia Maratona de Monickedam e em Outubro a Maratona de Amsterdam onde a ideia é bater os 3h50min. Entre essas provas eu vou encaixar outras menores. Em Maio eu venho contar sobre como é finalmente ter um treinador.
Beijão a todos!!!"
Simone Westerduim
@scwesterduim

Correndo na Europa
@correndonaeuropa
#correndonaeuropa

Um comentário:

  1. Nossa...você é mais corajosa do que eu pensei! rs rs Parabéns pela audácia e vitória!!!

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